Percepções de um Millennial sobre como liderar a Geração Z

Por Bruno Campos de Oliveira, CMO da ADSPLAY

Você se lembra dos anos 2000, onde as notícias sobre mercado de trabalho falavam sobre a geração do milênio (os chamados Millenials) como se fossem alienígenas que vão para o escritório jovem e colorido para jogar pingue-pongue e beber cerveja? Bem, a Geração Z é agora a geração que deve agitar o local de trabalho e nos forçar, mais uma vez, a desafiar padrões confortáveis.

A Geração Z, de jovens entre 17 e 22 anos,  já representa 32,7% da população mundial. São quase 2,5 bilhões de pessoas que nasceram no mundo digital.

À medida que mais membros da Geração Z entram na força de trabalho, pode parecer que linhas de batalha estão sendo traçadas entre funcionários mais jovens e trabalhadores mais estabelecidos (inclusive os Millenials). Com a força de trabalho multigeracional de hoje, os líderes não podem operar com uma única mentalidade.

Hoje, as pessoas mudam de trabalho sem sair do quarto. Morar na cidade do seu trabalho, dependendo do cargo e função, nem sempre é um diferencial. É cada vez mais comum ver equipes que estão em locais e até países diferentes, mas que trabalham juntas e em harmonia.


É preciso se perguntar: o que é preciso para ser um líder melhor para a minha equipe? Como reter essa geração? Conceitos clássicos como “reter talentos” e “deixar as portas abertas” mudam de paradigma com a Geração Z.

Ao invés de tentarmos “mimar”, é mais importante deixarmos os profissionais à vontade para que saibam que podem sair a qualquer momento mas que também,aqui dentro, estamos frequentemente fazendo o máximo para que eles tenham o melhor ambiente de trabalho e possibilidade de  crescimento profissional e pessoal.

Outros fatores importantes são:

  • Ter líderes com foco, que ajudem o time a organizar seu fluxo de trabalho. É uma geração acostumada com multitarefas, muitas boas ideias e, também, muita distração. Esse suporte pode fazer toda diferença na produtividade do time;
  • Ter líderes inspiradores. É uma geração que busca propósito nas coisas e, caso o líder seja muito autoritário à moda antiga ou ainda motivador como um técnico de futebol, ele corre sérios riscos de não ter a verdadeira admiração da equipe.
  • Ter líderes sempre dispostos a ouvir. Tanto para Millenials como Geração Z é importante que o ambiente de trabalho seja um espaço seguro e aberto às novas ideias. Isso é ainda mais essencial em empresas onde a criatividade e inovação são cruciais.

Semelhante aos pais da Geração X e colegas mais velhos, a Geração Z é bastante crítica, principalmente em comparação aos Millenials.

Seu tom de ceticismo em relação às estruturas de poder, é bastante justificado quando você considera tudo o que eles cresceram testemunhando – de economia global em recessão, passando por crises climáticas, pandemia e guerra.


É, portanto, essencial para aqueles que lideram a Geração Z ser honesto, aberto e transparente, se você deseja ganhar e manter sua confiança. E prepare-se para muitos feedbacks!

Por estarem expostos o tempo inteiro (principalmente pelas redes sociais), o julgamento é um fator limitante para a performance da Geração Z, e isso é um dos primeiros desafios do líder: pensar empaticamente a carreira da outra pessoa e passar a confiança para que o liderado confie no seu potencial e escute menos a chamada “platéia invisível”, uma voz limitante que parte da própria pessoa.

A Geração Z está liderando esforços para normalizar as conversas sobre saúde mental. Pense desta maneira – eles estão valorizando a estabilidade emocional em níveis que muitas gerações anteriores valorizavam apenas a estabilidade financeira.

A integração entre trabalho e vida pessoal para a população da Geração Z será mais do que apenas respeitar o horário de trabalho. Também será sobre fornecer saídas significativas para as coisas pelas quais eles são apaixonados na sociedade e abrindo espaço para que eles realmente tragam todo o seu eu para o trabalho.

Perspectivas, opiniões e desejos muitas vezes mudam. Se você pensar nos Millennials, as expectativas, normas e desejos que você via no início dos anos 2000 com os mais velhos da geração entrando no mercado de trabalho, provavelmente eram diferentes daqueles que você encontrou em meados de 2010 com os mais jovens. Suspeito que o mesmo acontecerá com a Geração Z.


Além disso, à medida que o futuro se desenrola e passamos por uma pandemia global única na vida, tendemos a ver muitas características da Geração Z evoluir, como resultado.

Temos um perfil geracional que engaja com a mesma rapidez que desengaja, mas ainda assim não é possível rotular toda uma geração. No fim, ver e ouvir como se comportam no mercado de trabalho deve ser visto como uma oportunidade e não um problema.

Afinal, nada está escrito em pedra. E, felizmente, rótulos existem para serem desconstruídos e virarem aprendizado.

Bruno Campos de Oliveira é CMO da ADSPLAY. É professor, com matérias lecionadas em institutos como IBMEC-SP e EBAC (Escola Britânica de Artes Criativas e Tecnologia), onde foi embaixador de digital marketing. Também é co-autor do livro “Mídia Programática de A a Z”, o primeiro livro impresso sobre o tema no Brasil.

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